quarta-feira, 7 de julho de 2010

Profissão Professora



Não posso dizer que sempre sonhei ser professora, porque a profissão professora foi chegando a minha vida como uma intimação. Fui intimada, primeiramente, a ensinar meus 3 filhos lerem, porque morava na zona rural em local distante de escola. Tinha tanta preocupação com vida escolar de meus filhos que chorava de tanto desejar ver meus filhos de uniforme e livros na mão no caminho da escola. E, falando dessa forma, o leitor deve estar pensando que meus filhos estavam passando da idade de ir para a escola. Não. Não estavam. Eles tinham – no ano que comecei cumprir a intimação que eu mesma tracei para mim - 5, 4 e 2 anos, mas eu queria, desejava muito que eles lessem os gibis que até aquele ano eu havia lido para eles.


Então, comecei assim meio as cegas a exercer a função do aprender/ensinar e ensinar /aprender. Do tipo professora “feita a facão” fui sendo lapidada pelos meus aluninhos. Criei estratégia, naquela época, que utilizo até hoje. E sem pretensão nenhuma, mas nunca encontrei – no magistério e tampouco na faculdade/especialização ou teóricos de alfabetização, metodologias melhores que àquelas. Metodologias simples, bobinhas, mas que dão resultado.

Sempre fui observadora ao extremo, mas descobri naquela fase da vida que precisava observar mais. E assim comecei traçar minha estratégia de ensinar ler, escrever e compreender. Alfabetizava o tempo todo, não precisava ter cadernos na mão. Às vezes estávamos na horta, no curral, pescando no rio ou mesmo na mesa – feita especialmente para a ocasião), estava sempre falando do mundo da leitura e observando. Cada dia colhia um diagnostico e ia traçando novos caminhos. Pensava tanto no meu mundo de professora que esquecia minhas obrigações em casa. Quantas vezes, meu marido chegou do campo (ele era vaqueiro) e nós nos desentendíamos porque não tinha almoço pronto. Porém, como sempre, fui corajosa e determinada, por isso, perseverei.


Não demorou e os vizinhos trouxeram seus filhos para serem alfabetizados. Um fazendeiro compadecido de minhas dificuldades procurou a Secretaria de Educação e pediu carteiras, lousa e giz. Êpa! Agora já era escola. Só faltavam os documentos dos alunos que validavam seus estudos. Daí foi minha vez de procurar a Secretaria. Me pediram para matricular os alunos em uma escola e continuar ensinando e os alunos passariam por avaliação na Secretaria. E assim foi feito.
Foi uma época maravilhosa, de alegrias, conhecimentos e descobertas! Aquelas crianças e aquela necessidade de ensinar meus filhos me fizeram descobri que tinha nascido para ensinar. Como me casei muito jovem, na época tinha apenas o Ensino Fundamental. Decidi que ia voltar estudar. Meu marido foi radicalmente contra, mas bati o pé e me matriculei em um sistema modular a distancia, só ia na unidade escolar para fazer avaliações. Uma grande amiga, Sônia Arantes, me ajudou muito. Nas fases seguintes fui sendo apoiada por todos meus professores e professoras. Assim, concluí o Ensino Médio propedêutico, sempre conciliando com minhas obrigações de esposa, dona de casa, mãe e professora. E eu estava a-do-ran-do!
É preciso dizer que meu único vício a vida toda foi ler e escrever. Minha mãe implicava porque eu escrevia até nos lençóis das camas. Sou metida a poetisa.
Quando terminei o Ensino Médio, já tinha mudado para a cidade. E meus filhos foram matriculados na 2ª e 3ª séries. Meu caçula, quando foi para escola, também já sabia ler. Então me convidaram para dar aula na escola que estudei. Iniciei alfabetizando jovens e adultos, depois aprendi e ensinei em todo ensino fundamental e médio, sempre nas áreas de Linguagem e Humanas. Nessa fase de minha vida, descobri entre tantos outros teóricos, o meu preferido, Paulo Freire.
Mas eu queria mais! Tinha me apaixonado pela profissão. E como tudo parecia estar marcado, consegui entrar no Magistério e antes de terminar o Magistério, entrei na faculdade de pedagogia, ambos os cursos a distancia.
Assim, continuei dando aula, agora também para crianças.
Foi assim que descobri minha verdadeira vocação. Hoje amo o que faço. Não sei viver sem o ambiente escolar. Sou aquela professora convencida. Atrevo-me a dizer que sei ensinar, me relacionar, ser compreendida e compreender meus alunos. Aprendo e ensino, ensino e aprendo o tempo todo. Como já disse, minha metodologia preferida é a observação e minha estratégia e a liberdade. Alto lá! Liberdade com disciplina, ou seja, liberdade e responsabilidades caminham juntas, uma depende da outra.
Sou daquela professora mãe. Às vezes tenho que me controlar, pois com a mesma naturalidade que dou carinho, dou bronca. Digo aos meus alunos que é preciso aproveitar as oportunidades da vida, porque nem sempre elas surgem duas vezes. Sentados 4 horas em um banco escolar, é uma vergonha ir para casa sem aprender uma coisinha nova, e se 4 horas faz vergonha a esse “não aprender”, imagine 800 horas, ou 200 dias. Como explicar aos professores e pais, que são alunos craques, se não consegue um aproveitamento de 60% no ano letivo. Obviamente, que defendo as mesmas ideias com meus colegas professores, penso que precisamos utilizar muito bem os 200 dias letivos.
Nesse contexto, de preocupação maternal me fiz professora/educadora. Primeiro por necessidade, depois por amor e mais tarde por vocação.

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